Uma evolução do protótipo GTA, sem a carreta, que não teve boa aceitação. Segundo se conta, o nome XEF foi dado casualmente por Maria Cristina, filha de João Gurgel, quando ele chegou certo dia em casa dirigindo o protótipo. Ao ser indagada de quem era o estranho veículo: “É do Chefe!”, teria respondido a moça indicando que se tratava do novo carro projetado pelo pai.
Com relação ao GTA, o Xef apresentava diversas mudanças estéticas. A principal era nas portas, nas quais foi adotado o quebra-vento original do Fiar 147, enquanto na lateral traseira foi instalada uma janela em forma de escotilha.
Outro detalhe bastante curioso era o pára-brisa frontal e o traseiro com o mesmo formato, isto é: tratava-se do pára-brisa original do Brasília. Assim, peça podia ser intercambiável, como destacava o fabricante em sua propaganda: “O único carro nacional com pára-brisa de reserva”.
As linhas do pequeno carro procuraram imitar alguns detalhes de estilo dos automóveis Mercedes-Benz que, na época, eram o sonho de consumo no mercado brasileiro, quando as importações eram limitadas aos corpos de embaixadas estrangeiras. Isto pode ser notado principalmente no recorte dos pára-lamas e na dianteira destacando os faróis retangulares, de Voyage, com lentes dos piscas na extremidade.
Este conjunto se completa com uma falsa grade pintada em preto fosco, outra imitação dos modelos da fábrica alemã. Um “G” estilizado aplicado sobre o capô dianteiro também procura aludir à marca da estrela de três pontas. De perfil, o que mais chama a atenção é o formato da carroceria: nitidamente um três volumes, algo pouco comum em veículos desse porte.
As portas, bem dimensionadas, facilitam a entrada e, internamente, os detalhes no acabamento surpreendem quem está habituado com o acabamento simples e rústico dos utilitários Gurgel. As rodas também tem desenho inspirado nas dos carros da Mercedes, enquanto a denominação Xef vem aplicada no pára-lama dianteiro. Na traseira, as lanternas caneladas, originais do Brasília, também seguem a tendência de estilo ditada pelos modelos alemães.
O banco do motorista é separado dos passageiros, com apoios de cabeça, e podiam ser revestidos tanto em tecido como couro. Atrás dos encostos, que podem ser rebatidos, uma bolsa elástica tem a função de prender a bagagem no reduzido espaço. O painel completo dispõe de cinco instrumentos: velocímetro, conta-giros, pressão do óleo, vacuômetro e nível de combustível, enquanto o volante tem duas hastes.
Todo o interior era acarpetado e o Xef também já saía de fábrica com rádio toca-fitas e vidros elétricos. A Gurgel chegou a estudar oferecer um sistema de ar-condicionado, mas isto nunca chegou a fazer parte do pacote de opções. A suspensão é a tradicional do Fusca, com braços arrastados superpostas, lâminas de torção e barra estabilizadora na dianteira, enquanto na traseira o sistema é o de semi-eixo oscilante com uma lâmina tensora longitudinal de cada lado ligada à barra de torção, além de cinta limitadora de curso de distensão.
O modelo definitivo entrou em linha de produção no começo de 1984, com mais algumas mudanças estéticas. Foram fabricados cerca de 120 unidades do XEF.
A partir de 1985 saíram alguns XEF com apenas 2 lugares. O XEF foi o primeiro veiculo do Brasil a sair de fabrica com tanque de combustivel de plástico, para evitar a corrosão.
Comprimento: 3,12 m, largura: 1,6 m, altura: 1,35 m, distância entre eixos: 1,8 m, bitola dianteira: 1,366 m, traseira: 1,401 m, vão livre: 0,22 m, peso: 800 quilos, tanque de 55 litros. Motor Boxer 1,6 litros com 65 cv a 4.600 rpm e torque 11,7 kg a 3.200 rpm (dois carburadores). Relação das 4 marchas: 3,80 / 2,06 / 1,32 / 0,89 / ré 3,88:1, diferencial 4,125:1. Rodas aro 13 de aço com pneus 175/70.
1983 – Fase 1
Fotos: revista 4 Rodas, março 1983.
Mais fotos do XEF fase 1
1983 a 1986 – Fase 2.
O ressalto na lateral traseira foi abolido e a janela em formato de escotilha passou a ser oval, deixando a linha mais equilibrada. A tampa do motor também teve seu desenho alterado e as saídas de ar passaram para trás da placa. Seguindo o desenho das lanternas traseiras, foram adicionadas aletas para refrigeração do motor.
Os pára-choques ganharam duas garras e, no interior, o painel de instrumentos foi modificado com os mostradores fixados horizontalmente e o conta-giros no mesmo tamanho do velocímetro. Os bancos tiveram os apoios de cabeça separados dos assentos. O emblema “G”, no capô, migrou para a coluna traseira. Passa a ter 1,72 m de largura.
A partir de 1985 ganha nova grande, que foi integrada ao capô, e os pára-choques perderam as garras, mas ganharam uma proteção emborrachada na frente. Internamente passou a oferecer a opção de banco inteiriço, enquanto o freio de mão foi transferido para baixo do painel.
Fotos: revista Motor 3, agosto 1983.
Mais fotos do XEF fase 2
Fontes: Acervo Digital da Revista Quatro Rodas, Revista Motor 3 de agosto de 1983, Internet.
Texto e dados levantados com a colaboração de: Moa de Santos/SP.
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