Jornais – Folha da Tarde – 19/10/1970

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Tags/Modelos: Macan Gurgel 1200 (versões Augusta, Enseada, Ipanema e Xavante), Gurgel QT

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Gurgel QT entra no mercado, depois de 4 anos de testes

Linhas esportivas, multiplicidade de usos, maneabilidade: é o Gurgel QT

Em 1966, ele já despertava a curiosidade dos visitantes do Salão do Automóvel: um utilitário com carroçaria inteiramente construída em fibra de vidro, de linhas modernas, mecânica Volkswagen e com a característica de topar qualquer parada. Em quatro anos, o protótipo ganhou mais nove companheiros, que se encarregaram de exaltar as suas próprias qualidades. Hoje, o Gurgel já tem fama internacional e é reconhecido como o carro ideal para vencer obstáculos aparentemente intransponíveis.

Com seu projeto industrial aprovado em Resolução do GEIMOT – Grupo Executivo da Indústria Automotiva – de 14 de janeiro último, este ano o Gurgel entra no Salão do Automóvel para concorrer, de verdade, no mercado. O “QT”, sua nova versão, vem com algumas novidades: o “Selectraction”, dispositivo que permite frear a roda que girar em falso num atoleiro, transmitindo a força motriz para a que tiver possibilidades de tração; rodas opcionais de magnésio; engate para carretas e a caçamba que o transforma em “pick-up”.

SEGURANÇA

O dimensionamento e o baixo centro de gravidade dão ao Gurgel “QT” segurança e estabilidade também nas estradas asfaltadas. A distância de 204 centímetros entre eixos – 36 centímetros menor que o Volks sedan – proporciona um desempenho incomparável em terreno variável. Normalmente, ele vem com pneus cidade e campo 5,60 x 15, mas, se equipado com pneus 6,70=725 x 13 e rodas especiais, transforma-se num “utilitário esportivo”. A caçamba simples, também em “fiberglass” leva carga de até 200 quilos.

Entre os acessórios produzidos para o Gurgel <QT> – além do <selectraction>, dos engates e da caçamba – existem os bancos dianteiros individuais, em forma de concha, ajustáveis em várias posições, e o traseiro, reclinável para a frente, deixando espaço para bagageiro interno, a capota de náilon, que veda completamente a chuva e o vento e, em dois minutos, pode ser retirada e guardada inteirinha no porta-malas dianteiro. Além disso, o Gurgel <QT> vem equipado com todos os ítens de lei, como cintos de segurança, extintor de incêndio e triângulo. Para maior segurança, além dos pára-choques normais, ele vem agora com os laterais.

10 PROTÓTIPOS

Os 10 protótipos fabricados em quatro anos foram submetidos aos mais severos testes, como os feitos nos campos de prova do Exército em Gericinó e na Restinga do Marambaia. A Petrobrás testou o Gurgel nas praias do Litoral Norte, na estrada São Sebastião-Salesópolis, e seus engenheiros reconheceram sua maleabilidade, excelente índice de consumo, qualidades anticorrosivas e a facilidade de vencer caminhos de difícil transposição. Nas usinas de açúcar, para o trabalho de inspeção dos agrônomos, ele também demonstrou grande desempenho, conquistando um pedido inicial de 10 unidades.

Agora, como fábrica reconhecida, a Gurgel, Indústria e Comércio de Veículos Ltda. já colocou 50 unidades no mercado, e tem capacidade para uma produção de 10 veículos por mês. Com  o aumento gradativo, vai estudar os primeiros pedidos de exportação que recebeu da Bolívia, Uruguai e Argentina.

A par disso, está desenvolvendo projetos para a fabricação de outros veículos de interesse das Forças Armadas, e de um carro anfíbio.

EXPORTAÇÃO APROVADA

Formado em Engenharia Mecânica em 1949, pela Escola Politécnica de São Paulo, quatro anos depois João Augusto do Amaral Gurgel ingressava no 3º ano do curso de Engenharia Geral de Automóveis do “General Motors Institute”, tomando o seu primeiro contato com o plástico reforçado. De volta ao Brasil, trabalhou na General Motors como assistente da diretoria de planejamento e cooperou no plano de produção de caminhões da Ford. Em 1958, com a construção de “karts” e pequenos veículos motorizados para crianças, iniciou o desenvolvimento técnico do setor de carroçarias de plástico reforçado e da produção de motores.

O trabalho de muitos anos foi coroado com o reconhecimento da indústria pelo GEIMOT, com a permissão para exportação de seus produtos, e, além disso, com a autorização do Banco do Brasil para concessão, através de suas agências, de empréstimos para a aquisição de veículos novos para a agricultura.

O Gurgel “QT” custa Cr$ 16 mil cruzeiros, mais a taxa de 12 por cento de IPI.

– FOLHA DA TARDE – São Paulo, Segunda-feira, 19-10-1970 – Pág. 9

Fonte: Enviado por Maximilian Luppe
Edição/digitação: Francisco Branco